A pandemia modificou radicalmente as relações e podemos dizer que o futuro do trabalho já chegou. No lugar do profissional ir para o escritório e cumprir horários, ele cumpre tarefas e se compromete a entregar resultados. O novo trabalhador é o chamado nômade digital, que não só pode trabalhar de outra cidade, bem como de outro país. Há, inclusive, locais que criaram vistos específicos para essa finalidade, como por exemplo é a Estônia. Uma grande evolução do modelo tradicional que conhecíamos até então no Brasil.

Para saber mais sobre o futuro do trabalho, acompanhe nossa entrevista exclusiva:

Conversamos sobre o tema com Emanuella Velez, psicóloga organizacional, consultora de recursos humanos e Top Voice LinkedIn 2020. Ela ainda é analista comportamental e possui formação em Coaching Professional e Life. Confira o que ela nos contou sobre o futuro do trabalho:

TOPdesk: Que mudanças os profissionais precisam enfrentar no próximo ano, diante de um cenário no qual o mercado de trabalho será a cada dia mais exigente, flexível e digital?

Emanuella Velez: A depender da cultura organizacional e o tipo de empresa que este colaborador está inserido, o novo normal como vem sendo chamado, traz aspectos positivos e negativos. Falando sobre os positivos, é possível ter uma maior qualidade de vida se o ambiente organizacional e a liderança compreenderem o trabalho e a forma de gestão à distância. Ainda, os profissionais terão mais autonomia e poderão trabalhar com metas e resultados. Além disso, nessa modalidade é possível fazer o seu próprio horário, já que não há controle de jornada, proporcionando mais tempo para a família e para o lazer, graças à inexistência de deslocamento para o trabalho e uma maior produtividade.

Em relação aos pontos negativos, como citado anteriormente, é preciso que a empresa tenha maturidade para este tipo de trabalho. Do contrário, poderá gerar um ambiente de cobranças com baixa produtividade, pois muitos líderes não sabem como fazer a gestão dos seus colaboradores sem estar no mesmo ambiente físico. Se o colaborador não tiver um autogerenciamento, poderá facilmente se distrair com TV e aplicativos, por exemplo. Além disso, para alguns o contato com o ambiente de trabalho e estar em grupo é um fator primordial para o bom desenvolvimento do ofício. Ademais, nessa modalidade existe a possibilidade de não se ter o conforto adequado e o sigilo das informações não funcionar da mesma forma. Por isso, é importante que as empresas se adequem a esta realidade, mas também preparem os seus colaboradores e invistam em saúde e bem-estar.

TOPdesk: Quais os principais aspectos comportamentais que esse novo profissional deve desenvolver para se preparar par o futuro do trabalho?

Emanuella Velez: Muitos aspectos precisarão ser aprimorados para que os profissionais continuem ativos no mercado e tendo seu espaço. Dentre as exigências comportamentais podemos citar a adaptabilidade, criatividade e o autoconhecimento.
A adaptabilidade é uma característica necessária para o profissional do futuro. Processos mudam constantemente e as novas gerações que estão entrando no mercado – Geração Z – são bem mais tecnológicas. Nesse sentido, será preciso compreender a nova linguagem, além de se adaptar aos métodos ágeis. Outro fator chave é criatividade, que significa buscar soluções, propor e pensar literalmente fora da caixa. Trata-se de uma habilidade que pode ser desenvolvida e com certeza será um diferencial competitivo. E o autoconhecimento, pois é preciso saber quais os limites profissionais e pessoais. É necessário entender o que gosta e o que dá prazer. Sem isso a carreira poderá ser desenvolvida apenas por dinheiro e no final das contas não haverá realização profissional.

TOPdesk: Como a prática do home office afeta a rotina, produtividade e o trabalho de maneira geral dos profissionais?

Emanuella Velez: O home-office muda a forma de gerenciar, de fazer reuniões, de estar no trabalho e em casa ao mesmo tempo. Ainda assim, é importante saber separar essas questões e dar resultado. Por isso, os profissionais podem utilizar o planejamento e a organização, para ajustar a sua rotina.

Alguns profissionais infelizmente estão desenvolvendo crises de ansiedade e questões de saúde diante dessa nova realidade, por isso é preciso entender que existem cobranças que são reais e necessitarão de um empenho maior. Mas se houver uma programação, seja ela por meio de separação por demanda ou por prioridade, o resultado há de acontecer. Trabalhar com um plano de ação também é uma alternativa. Afinal, muitas vezes algo pode não sair conforme o desenhado e é sempre bom ter outras opções. Além de buscar atividades que contribuam para o bem-estar e que não precisam necessariamente de orçamento para serem executadas – reconhecimento do colaborador, flexibilidade no trabalho, ações de endomarketing e claro, uma liderança humanizada.

O que ocorre é que a ferramenta digital pode somar ao trabalho humano. Por exemplo, no caso do atendimento de um cliente por um chatbot, no qual o robô acaba fazendo uma recepção inicial e oferecer algumas soluções de autoajuda”

TOPdesk: Como o profissional deve se adequar para que as máquinas não tomem seu espaço?

Emanuella Velez: O profissional precisará atualizar-se constantemente e buscar meios de qualificação. Além de que, buscar compreender como a tecnologia pode impactar o cargo que ocupa atualmente é uma forma de se preparar e prever o mercado. Fazer pesquisas, aprender e começar a pensar em transformar a realidade é o primeiro passo para quem quer fazer a diferença, independentemente da área de atuação.

Além disso, existem atividades mais complexas e criativas a qual as máquinas dificilmente poderão substituir os humanos. O que ocorre é que a ferramenta digital pode somar ao trabalho humano. Por exemplo, no caso do atendimento de um cliente por um chatbot, no qual o robô acaba fazendo uma recepção inicial e oferecer algumas soluções de autoajuda, mas caso seja uma questão complexa, esse robô pode escalar o atendimento para uma pessoa que possa resolver o problema.

TOPdesk: Qual o papel dos novos profissionais de TI em um cenário no qual eles passam a ser agentes inovadores e se tornam mais estratégico?

Emanuella Velez: Os profissionais de TI atuarão como facilitadores e impulsionadores da mudança, pois são responsáveis também por entender como funciona o mercado em relação as novas tecnologias e trazer essa visão primordial de mudança para o ambiente organizacional. Um profissional que está atento as demandas e está atualizado, trará novos insights e atuará como parceiro estratégico do negócio, já que as empresas que não se ajustarem ficarão literalmente para trás.

Essa área terá ainda mais relevância e contribuirá em mostrar os desafios e benefícios da transformação digital e de mostrar o que é necessário para essa mudança.

TOPdesk: Como os novos profissionais de TI pode fazer a diferença na empresa que trabalha?

Emanuella Velez: Uma das formas é mostrar para a empresa a diferença de custo e investimento das operações digitais. Os profissionais de TI podem atuar de forma estratégica e utilizar a linguagem de empresário para mostrar que com o uso da tecnologia é possível reduzir custos, os processos podem se tornar mais eficientes e a custos melhores. O que deve gerar profissionais mais produtivos e com maior flexibilidade para atender outras demandas que não sejam apenas operacionais.

TOPdesk: Quais as novas competências para os profissionais de tecnologia no novo cenário, no qual eles passam a ter muito mais relevância para todas as áreas das empresas?

Emanuella Velez: Os profissionais da área de TI além de ter o conhecimento técnico para atuar na função, precisarão também saber analisar e propor soluções, ter flexibilidade e se adaptar às mudanças constantes e aos desafios impostos pelas várias realidades das empresas e do próprio mercado, além de conhecer sobre segurança de dados e ter também inteligência emocional.

Quer saber como se sobreviver no universo cada vez mais digitalizado e se
adaptar para o futuro do trabalho? Leia nossa entrevista com um especialista no assunto.